19.6.08

regresso com uma barriga balão de 19 semanas. é à volta dela que voam os aviões, passam os barcos e os eléctricos, as pessoas a correr para não chegarem atrasadas (chegam na mesma), se comem gelados, voam também pássaros e libelinhas e pousam nas árvores, que na hora de menor calor se agarram e balouçam à brisa do vento, que por sua vez despenteia cabelos, penas e descompõe chapéus e laços. e cai a noite sobre o mar e chega, por isso, uma onda à praia, se compram sapatos, se fazem adeus aos tais aviões e eléctricos e às pessoas que passam a correr atrasadas. e no chile um escritor abre a janela já depois da manhã, e em áfrica se avistam, de um lado, girafas e do outro, a uns tantos, mesmo muitos quilómetros, a panela do couscous e se adivinha o aroma a especiarias que daqui a minutos se espalhará pela casa até ao pátio. em frança se fecha a-sete-chaves ao fim-do-dia a torre eiffel (às chaves guarda-as um homem com um grande bolso que gosta de comer sopa a meias com o gato enquanto sorri às valsas que tocam no giradiscos), e em Israel se lavam tapetes num riacho perto das oliveiras. também há a noite no Mékong e o cheiro a erva limão, janelas abertas em tóquio de frente para um vizinho que dança perto da banheira de lábios pintados, e o tango de buenos aires e outros afins, mas será mais simples e descomplicado dizer que tudo, absolutamente tudo, se avista daqui, da minha barriga.

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